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Ribeira e Ponte Luís I

Todas as fotografias / imagens são fornecidas apenas para orientação.
A Ribeira fica na no centro histórico do Porto, na Praça e Cais da Ribeira, freguesia de São Nicolau, próximo do Rio Douro, cidade do Porto, norte de Portugal.
 
A Ribeira é um dos locais mais antigos da cidade do Porto, e é uma zona que fica em frente ao rio Douro, é hoje local de concentração de vários cafés, restaurantes, bares e por isso é um espaço muito frequentado pelos turistas.

Na Ribeira merecem destaque a Praça da Ribeira popularmente também conhecida por praça do cubo que é formada pela Rua da Fonte Taurina (uma das mais antigas da cidade), o Muro dos Bacalhoeiros, a Casa do Infante (onde se crê que tenha nascido o Infante D. Henrique em 1394), e foi nesta zona do Porto que viveu uma das figuras mais carismáticas da cidade, o chamado “Duque da Ribeira” conhecido por ter salvo várias pessoas de morrer afogadas.
A origem da Ribeira do Porto até a construção da muralha Fernandina
 
Não se sabe quando começou a ser habitada a atual zona da Ribeira mas sabe-se que o núcleo original do Porto se desenvolveu no cimo da Pena Ventosa, o actual Morro da Sé, mas que cedo se desenvolveu também um aglomerado ribeirinho nas imediações da confluência do pequeno Rio da Vila com o Rio Douro.

Os vestígios arqueológicos documentam que no período da romanização se criaram instalações portuárias perto do local onde mais tarde se ergueu a Casa do Infante cujos mosaicos romanos datam do século IV e a zona alta já estava protegida pela Cerca Velha.

Em 1120 D. Teresa fez a doação do Couto de Portucale a D. Hugo, bispo do Porto, mas a imprecisão dos limites do couto a poente (Rio da Vila ou Rio Frio) alimentaram numerosos conflitos entre o rei e o bispo que só foram resolvidos em 1406 quando o senhorio da cidade passou definitivamente da igreja para a coroa.

O século XIII representou um período de expansão em que o Porto cresceu incluindo o sopé da escarpa da Pena Ventosa próximo da margem ribeirinha, e desenvolveu-se o casario, as ruas, as escadas e as vielas e como exemplo a Rua da Lada.

Na margem direita do Rio da Vila o povoado cresceu pela beira-rio de São Nicolau pela Rua da Reboleira e pela Rua dos Banhos acabando por atingir o "arrabalde" de Miragaia.

Assim foram surgindo dois pólos de povoamento: um na zona alta, no morro da Pena Ventosa em redor da Sé, e outro na zona baixa, na Ribeira ao longo da margem do Douro ligados por uma muralha urbana que se foi adensando.

O eixo mais antigo que ligava os dois aglomerados seguia pela Rua de D. Hugo, pela Porta das Verdades (da Cerca Velha) e pelas Escadas do Barredo, seguindo o caminho mais curto, mas de declive muito acentuado.

Mais tarde, desenvolveu-se outro eixo de melhor acessibilidade constituído pela Rua do Mercadores, Rua da Bainharia e Rua da Escura ligado à Porta de São Sebastião.

Ao longo do século XIV na cidade do Porto houve uma grande expansão do povoamento ao longo da margem ribeirinha do Douro dando-se importância às actividades comerciais e marítimas.

A cidade sentiu necessidade de um espaço mais vasto que o da Cerca Velha que só protegia o quarteirão da Sé, e por isso construiu-se uma nova cerca designada por “Muralha Fernandina” porque apesar de iniciada com D. Afonso IV só ficou concluída no reinado de D. Fernando.
A reconstrução da Rua Nova por iniciativa de D. João I e a Rua do Mouzinho da Silveira (1872)
 
Na última década do século XIV, e por iniciativa de D. João I a Rua Nova começou a ter Um conjunto de linhas retilíneas (considerado amplo e grande para a época), e foi local de prestígio que atraiu a construção de edifícios de luxo para habitação da elite burguesa e do clero, e centralizou a vida e os negócios dos mercadores.

A Rua Nova (hoje Rua do Infante D. Henrique) levou cerca de cem anos para ser concluída, e como ligava a Rua dos Mercadores ao Convento de São Francisco constituiu um importante eixo de circulação paralelo à margem ribeirinha.

A partir de 1521, por iniciativa do rei D. João I na Rua de Santa Catarina das Flores (atual Rua das Flores) inicia-se o alargamento das calçadas facilitando o acesso da Praça da Ribeira à Porta de Carros (das Muralhas Fernandinas) junto ao Convento de São Bento da Avé-Maria considerada saída norte da cidade (um edifício demolido no final do século XIX, e nesse lugar foi construída a actual Estação de São Bento).

João de Almada e Melo (senhor de Souto d'' El-Rei) foi o grande obreiro da expansão urbana da cidade do Porto no século XVIII, e principal responsável pela organização do espaço que hoje designamos por Baixa do Porto em Portugal.

A Praça da Ribeira foi reformulada procurando conferir um cariz monumental a esse espaço, criar um corredor para facilitar o escoamento de produtos e a deslocação de pessoas, que ia da Praça da Ribeira, pela Rua de S. João, Largo de São Domingos, Rua das Flores e finalmente Rua do Almada. O cônsul britânico John Whitehead foi uma das figuras que colaborou na remodelação da praça, propondo a construção de uma arcada que fecharia os lados poente e nascente do espaço uma grande unidade.

A norte, a praça seria aberta para as ruas de São João e dos Mercadores, e quanto ao lado sul seria construída uma ampla escada de acesso à parte superior das Muralhas Fernandinas criando-se uma área de circulação que dominava simultaneamente o rio e o interior da praça.

O programa de remodelação abrangeu também a Porta da Ribeira, a Capela de Nossa Senhora do Ó e as obras tiveram o seu início em 1776, encontrando-se parcialmente concluídas em meados da década de 1780.

O plano almadino apenas foi concretizado nas frentes norte e poente: com o monumental Chafariz da Rua de São João, a sul a muralha acabou por ser derrubada em 1821 e a nascente, as construções medievais sobrevivem até hoje.

A segunda metade do século XVIII foi também a época da construção de grandes edifícios representativos da arquitectura neoclássica de influência inglesa que se prolonga ainda pelo século XIX.

A construção de grandes edifícios como na zona da Ribeira: o Palácio da Bolsa, a Casa da Feitoria Inglesa, a Igreja dos Terceiros de São Francisco e os arcos abertos no "Muro da Ribeira" para facilitar o acesso ao rio, e a arcada foi inspirada nas galerias Adelphi antigos armazéns da zona portuária de Londres que acabaram por ser demolidos para dar lugar ao Victoria Embankment.

Apesar das transformações a cidade manteve-se virada para o Douro vivendo em função do rio com o centro económico e social nas suas proximidades como: a Praça da Ribeira, a Rua Nova dos Ingleses, a Rua de São João e o Largo de São Domingos.

A segunda metade do século XIX apresentou épocas de grande dinamismo, a Praça do Infante foi alargada e construiu-se o Mercado Ferreira Borges (1885).

Ao longo deste século construiu-se a Ponte das Barcas que foi inaugurada em 1806, a Ponte Pênsil D. Maria II (1843) a Ponte Luís I (1886) com a novidade de ter um segundo tabuleiro à cota alta, e dispensando a passagem obrigatória pela Ribeira ao trânsito vindo de sul.

Na segunda metade de oitocentos dá-se uma importante reorganização das vias de trânsito nomeadamente a Rua de Mouzinho da Silveira (1872) como o novo eixo mais largo e rectilíneo ligando a Rua Nova dos Ingleses (Rua do Infante D. Henrique) ao Convento de São Bento da Avé-Maria.
Da decadência à recuperação da Ribeira histórica do Porto
 
Durante o século XIX, as profundas mudanças da vida portuense provocaram a deslocação progressiva do centro da vida social, política e de negócios da cidade na área da Ribeira e São Domingos para a Praça Nova e suas imediações que começaram a adquirir uma nova importância.

A burguesia mercantil e financeira procuram também instalar-se junto dos novos arruamentos de melhor acessibilidade (Rua Nova da Alfândega, Rua de Ferreira Borges, Rua de Mouzinho da Silveira).

A mudança de famílias ricas para locais mais amplos e aprazíveis levou a uma acelerada degradação das condições higiénicas e de salubridade na zona da Ribeira, designadamente nos bairros da Lada e do Barredo (ocupados na altura por pessoas vindas do campo atraídas pelo aparecimento da industrialização).

A construção de um porto artificial em Leixões (1895) que vai sendo ampliado ao longo do século XX também acabou por marginalizar definitivamente a zona da Ribeira no Porto levando a uma gradual decadência e degradação.

A partir de meados da década de setenta pôs-se em prática um ambicioso plano de recuperação e revitalização da Ribeira do Porto pelo Comissariado para a Renovação Urbana da Área da Ribeira/Barredo.

No Cais é possível observar-se a existência de uma porta denominada de Postigo do Carvão, das 18 portas e postigos da Muralha Fernandina construída no século XIV este é o único que se manteve até aos nossos dias.

O bairro da Ribeira é constituído por uma ampla e longa calçada paralela ao rio Douro, casas pequenas com fachadas coloridas, ruas estreitas e sinuosas com vista para Gaia, a sua arquitectura urbano-ribeirinha rodeada de restaurantes típicos, artistas de rua, lojinhas de lembranças tornam este lugar uma das principais zonas turísticas da cidade.

No bairro da Ribeira pode encontrar monumentos históricos como o Palácio da Bolsa ( o visitante pode conhecer o interior repleto de história e salões, incluindo o salão árabe) a igreja de São Francisco possui no seu interior um estilo de arquitectura gótica revestido a talha dourada barroca, experimentar os pratos tradicionais, e apreciar os vinhos do Rio Douro.
Classificação
 
Ao longo do século XIV, as margens do Rio Douro tiveram um crescente povoamento devido às actividades comerciais e marítimas e neste contexto surgiu a zona da Ribeira que é classificada como Património Mundial da Unesco desde 1996 e além de ser a parte mais antiga do Porto actualmente é uma das partes mais frequentadas da cidade tanto por jovens, turistas e moradores da cidade.

A Ribeira é um dos locais mais antigos e típicos da cidade do Porto, em Portugal, mas também faz parte do Centro Histórico do Porto designado como Património Mundial da UNESCO.

A atividade desenvolvida pelo CRUARB foi também decisiva para a apresentação da candidatura do Centro Histórico do Porto à UNESCO para classificação como Património Cultural da Humanidade em 1991.

Enquadrado neste renascimento da Ribeira, abriram-se numerosos bares e restaurantes, tornando-a num ponto de encontro para a animação nocturna.

Por ocasião do Porto 2001 como Capital Europeia da Cultura foram remodelados o pavimento e o mobiliário urbano entre a Ponte D. Luís e o Cais da Estiva, segundo uma intervenção projectada pelo arquitecto Manuel Fernandes de Sá.

A Ribeira é hoje o postal ilustrado do Porto e uma das zonas mais visitadas da cidade.
A Ponte Luís I (na beira do Rio Douro)
 
A Ponte Luís I fica na Pte. Luís I, icônica ponte de metal cruzando o rio Douro faz a ligação entre o Porto e Vila Nova de Gaia, cidade do Porto, norte de Portugal.

A Ponte de Dom Luís I ou Ponte Luís I é constituída por uma ponte em arco metálico de dois andares que atravessa o rio Douro entre as cidades do Porto e Vila Nova de Gaia em Portugal.
A História da Ponte Luís I
 
Em 1879, Gustave Eiffel apresentou o projeto de construção de uma nova ponte sobre o Douro com um único deck elevado para facilitar a navegação dos navios.

Este projeto foi rejeitado devido ao crescimento dramático da população urbana o que exigiu um repensar dos limites de uma plataforma de deck único.

Em Janeiro de 1881 apoiaram o projecto da Société de Willebroeck que proporciona melhor capacidade de carga.

Em 21 de novembro de 1881, a obra pública foi construída pela Société de Willebroeck, o projeto foi do engenheiro Théophile Seyrig, discípulo de Gustave Eiffel e autor do projeto, e o arquitecto foi Léopold Valentin.

O Seyrig tinha trabalhado na ponte D. Maria com Eiffel e daí a semelhança da sua nova ponte com a ponte D. Maria.

Iniciou-se a construção da Ponte Luís I ao lado das torres de uma antiga ponte pênsil ferroviária, a Ponte Pênsil que foi desmontada.

Em 30 de outubro foi concluída a construção do arco principal, do convés superior, o convés inferior finalizando o projeto, e durante as suas cerimónias a ponte foi abençoada pelo Bispo D. Américo.

A 1 de Janeiro de 1944, o sistema de portagens foi extinto e a ponte passou a funcionar como infra-estrutura gratuita da Câmara Municipal do Porto.

A ponte transportava tráfego rodoviário em ambos os decks, os bondes elétricos cruzaram o convés superior de 1908 até maio de 1959, e os trólebus cruzaram os dois conveses de maio de 1959 até 1993.

Em 1954, as obras públicas foram iniciadas na ponte sob a direção do engenheiro Edgar Cardoso que estendeu os conveses e retirou a eletrificação do convés.
A Construção da Ponte Luís I
 
A ponte situa-se numa zona urbana isolada sobre o rio Douro entre as margens graníticas onde se encontra do lado norte a Sé do Porto, e atravessando a ponte encontramos o Mosteiro da Serra do Pilar e o Jardim do Morro.

A ponte de D. Luís I foi construída em 1886 pelo discípulo de Eiffel, Théophile Seyrig e a ponte é constituída por dois andares e um impressionante arco de ferro que liga a parte do Porto com a sua vizinha Vila Nova de Gaia onde se encontram as famosas adegas de vinho do Porto.

Na parte superior da ponte passa o elétrico, enquanto que na inferior passam os carros e há passeios para os peões em ambos os andares.

No andar superior pode ver uma bela panorâmica do rio Douro, e na parte inferior há um café tranquilo com uma esplanada mesmo à beira do rio onde se podem desfrutar de umas vistas como o pôr do sol espetacular.

A construção da Ponte de Dom Luís I é constituída por um vão de 172 metros (564 pés), e foi confundida com a vizinha Ponte Maria Pia (uma ponte ferroviária construída 9 anos antes) que se assemelha no aspecto à ponte Luís I.

A ponte de ferro tem dois conveses, de alturas e larguras diferentes, entre os quais desenvolvem um grande diâmetro de 172,5 metros (566 pés), arco central que sustenta esses conveses superior e inferior.

Ambos os conveses são amarrados às margens do rio por meio de pilares de alvenaria, as do andar superior são retangulares com remate em cornija recortada constituídas por dois registos escalonados separados por cornija e travessas entrelaçadas.

O convés inferior é baseado em grandes fundações que sustentam cornijas moldadas e cunhas unidas por um arco abatido e emolduradas por vigas entrelaçadas.

Na base dos arcos voltados para as margens do rio encontram-se grandes placas de mármore com as inscrições "PONTE LUIZ I", e na face montante, pedras representando as armas reais com escudo emoldurado por grinaldas.

Na base do convés inferior encontram-se pilares de ferro truncado em forma de pirâmide erguidos em três seções que se fixam no convés superior.

A ponte possui pavimento asfáltico para circulação de veículos, separado por guardas de ferro fundido que limitam as calçadas de pedestres que se desenvolvem lateralmente.

O arco central emerge dos cabeços nas fundações e diminui a espessura em direção ao centro.

O convés superior, também ladeado por passadiços de peões protegidos por guardas de ferro fundido (semelhantes ao convés inferior), também foi pavimentado asfalto até ser convertido para o transporte de comboios ligeiros do Metro do Porto em meados dos anos 2000.

A partir deste deck saem lâmpadas usadas para iluminação formando círculos decorativos nos ângulos, e sob a guarda está um lambrequim recortado decorado com elementos fitomórficos.
A Classificação da Ponte Luís I
 
Em 1982, a ponte foi designada um património cultural Imóvel de Interesse Público ( Imóvel de Interesse Público ) pela Agência Nacional IGESPAR, o Português Instituto de Gestão de Património Arquitectónico e Arqueológico.