Mosteiro da Batalha

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Localiza-se no Largo do Infante D. Henrique, na vila de Batalha, distrito de Leiria, província da Beira Litoral, Centro de Portugal
 
História do Mosteiro da Batalha
 
O Mosteiro de Santa Maria da Vitória, mais conhecido como Mosteiro da Batalha, é um mosteiro dominicano situado no Largo do Infante D. Henrique, na vila de Batalha.

O excecional conjunto arquitetônico resultou do cumprimento de uma promessa feita pelo rei D. João I, em agradecimento pela vitória em Aljubarrota, batalha travada em 14 de agosto de 1385 que lhe assegurou o trono e garantiu a independência de Portugal.

O mosteiro foi mandado construir por D. João I na sequência de uma promessa que fez à Virgem Maria para vencer a batalha de Aljubarrota em 1385.

A construção arrancou no ano de 1386 sob a orientação do arquitecto português Afonso Domingues, nesta fase inicial os resultados produzidos foram a maioria das estruturas da igreja e duas alas do claustro.

No ano de 1402 a supervisão foi transferida para Mestre Huguet que introduziu o estilo Gótico Flamboyant que se pode notar na fachada principal, na cúpula dos espaços da igreja e na Casa do Capítulo, o Fundador da Capela e a estrutura inicial da Capela Imperfeita.

No século XV foi edificado o claustro de D. Afonso V e durante o reinado de D. Manuel foram fechadas as janelas das galerias do claustro e reiniciadas as obras da Capela Imperfeita.

D. João I doou-o à ordem de S. Domingos, doação a que não foram alheios os bons ofícios do Doutor João das Regras, chanceler do reino, e de Frei Lourenço Lampreia, confessor do monarca.

Na posse dos dominicanos até à extinção das ordens religiosas em 1834, o monumento foi depois incorporado na Fazenda Pública, estando hoje na dependência da Direção-Geral do Património Cultural, assumindo-se como um espaço cultural, turístico e devocional.
Reconstrução do Mosteiro da Batalha
 
A construção abrangeu sete reinados da segunda dinastia (1385-1580) uma vasta equipa de mestres-pedreiros de grande nível, tanto nacionais como estrangeiros, que foram inicialmente dirigidos por Afonso Domingues até ao seu falecimento em 1402.

As obras prolongaram-se por mais de 150 anos, através de várias fases de construção, vários acrescentos foram introduzidos no projeto inicial resultando um vasto conjunto monástico atualmente apresenta uma igreja, dois claustros com dependências anexas e dois panteões reais, a Capela do Fundador e as Capelas Imperfeitas.

Nesse período, ergueu-se parte da igreja e o claustro real sucedeu-lhe Mestre Huguet inglês que até 1438 completou a igreja, construiu a capela do fundador e iniciou o panteão de D. Duarte.

O arquiteto Fernão de Évora desenhou o claustro de D. Afonso V, Mateus Fernandes (século XVI, arquitecto português notou-se pelas suas obras no estilo manuelino no Mosteiro da Batalha) foi o responsável pelas Capelas Imperfeitas(1448- 1477).

O mosteiro alberga o mais importante núcleo de vitrais medievais portugueses, que se podem admirar na Capela-Mor e na Sala do Capítulo, a nave central da igreja eleva-se a 32,5 metros e apoia-se sobre oito colunas de cada lado.
As Características do Mosteiro da Batalha
 
A fachada principal apresenta na platibanda rendilhada da cobertura, múltiplos pináculos arcobotantes, ogival do janelão central/laterais preenchidos por rosáceas pétreas, o portal composto por diversos arcos ogivais aglutinando pequenas estátuas de santos e anjos nas suas arquivoltas, tímpano e intercolúnios.

O Mosteiro apresenta uma planta em cruz latina, o corpo da igreja é dividido em três naves, sendo a central mais elevada e larga que as colaterais com a cabeceira tripartida.

A cobertura é feita por abóbada de ogivas assentes sobre robustos pilares decorados com capitéis vegetalistas.

Os multicolores vitrais da capela-mor, obra do século XVI, são de grande importância e têm por temática episódios da vida de Cristo.

A Capela-Mor de acabamento posterior, com o seu arco triunfal acairelado, podendo considerar-se duas as fases de trabalho das capelas colaterais.

As galerias norte e ocidental estariam já levantadas, mas foi Huguet quem terá dado acabamento às do lado sul e nascente (todas elas com sete tramos) respeitando porém o traçado anterior, com abóbadas em cruzaria de grandes chaves unidas por cadeia longitudinal descansando em finos colunelos de um e de outro lado das paredes.

A sala do capítulo é outra das dependências mais destacadas de planta quadrada, a sua grande cobertura abobadada é realizada por um complexo jogo ogival de nervuras, terceletes e chaves em pedra característico do gótico flamejante.
Sala do Capítulo
 
O mestre Huguet foi o finalizar da célebre Sala do Capítulo onde está hoje, desde 1921 permanentemente evocado o Túmulo do Soldado Desconhecido e herói português pela “Chama da Pátria” do Lampadário Monumental, projetada pelo Mestre António Gonçalves.

A abóbada é uma obra de notável técnica construtiva gótica, sendo formada por dezasseis nervuras radiais, oito lançadas das paredes, as restantes lançadas das chaves secundárias exteriores convergindo para uma grande chave central de decoração vegetalista desenvolvida em duas coroas.

A face exterior é formada por um portal central de rasgamento profundo com cinco arquivoltas de fora e quatro do lado de dentro, o vão ornado por crochet radiantes.

A cada lado abrem-se dois grandes vãos quebrados preenchidos cada um deles por duas janelas geminadas com uma bandeira recortada e rendilhada segundo preceitos do gótico flamejante são sobrepujadas por um óculo.

A sala capitular possui ornamentação figurativa digna de registo: o programa é mariológico assinalando-se na janela sul virada para a crasta em dois capitéis, a representação de uma Anunciação com a virgem à direita e o anjo à esquerda.

A Nossa Senhora segura uma vasilha com o seu braço direito tendo o colo ornado por um colar de pendentes em forma de mão (signos apotropaicos) e o anjo a típica filactéria enrolada em torno do corpo.

A capela do fundador foi construída por Huguet entre 1426 e 1434 de planta octogonal, é encimada por uma cúpula com abóbada de nervuras que forma uma estrela de oito pontas.

O Panteão de D. Duarte, também conhecido por Capelas Imperfeitas, foi planeado tendo em conta uma leitura rigorosa do testamento de D. João I, optando aquele monarca por criar o seu próprio espaço funerário.

Aqui encontra-se o grandioso túmulo de D. João I e D. Filipa de Lencastre com os seus belos jacentes adormecidos sobre duplo baldaquino flamejante, os túmulos dos infantes D. Pedro e D. Henrique e dos reis D. Afonso V e D. João II.

As Capelas Imperfeitas designadas assim por nunca ter sido concluída a sua cobertura, repartem-se em sete capelas inscritas num octógono, sendo o oitavo lado modelado com um belo portal manuelino da autoria de Mateus Fernandes.